A telemedicina, uma iniciativa que há muito se lutava para regulamentar, foi a alternativa rápida e eficaz em tempo de isolamento, garantindo acesso aos usuários da iniciativa privada Anderson Mendes*
Esses testes, no entanto, apesar de extremamente dolorosos, são também maneiras de perseguir o novo e aderir a alternativas rápidas e criativas diante do improvável. O setor de saúde foi um destes colocado à prova, em 2020, por inúmeras vezes. E a telemedicina, uma iniciativa que há muito se lutava para regulamentar, foi a alternativa rápida e eficaz em tempo de isolamento, garantindo acesso aos usuários da iniciativa privada. E arrisco em dizer: chegou para ficar. Ficou evidente para o setor de saúde como um todo a importância de boa estrutura, inteligência emocional, pensamento rápido, e claro, profissionais capacitados e bem treinados. E mais evidente ainda a relevância da Atenção Primária à Saúde, um bem valorizado à exaustação no segmento de autogestão. A qualidade do atendimento ao usuário é levada a sério numa autogestão. Basta ver o número baixo de reclamações, a oferta de benefícios acima do rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e as iniciativas diversas para se manter a saúde física e mental de cada associado. Vale lembrar que, no nosso caso, o dono do plano é o próprio. Por essa última peculiaridade, não é de hoje, que defendemos equidade no tratamento por parte dos órgãos reguladores. Sem fins lucrativos e atendendo a um perfil de público que, em sua maioria, não teria condições de arcar com um plano de saúde do mercado, estamos acostumados a nos provar e reinventar a cada dia. Uma de nossas lutas antigas é quanto às reservas técnicas e margem de solvência. Parece óbvio, mas como uma entidade sem fins lucrativos pode ser cobrada em ter uma liquidez igual a de uma empresa privada que lucra bilhões anuais? Por isso mesmo, vez ou outra, somos surpreendidos por direções fiscais e até intervenções entre nossas associadas. Contudo, mesmo diante de um ano tão intenso, tivemos algumas vitórias. Vitórias estas que, obviamente, não amenizam os impactos sanitários, sociais e econômicos desta pandemia, mas que são extremamente significativas para o segmento. No ano passado, a ANS encerrou a direção fiscal em cinco operadoras: Cassi, Geap, Assefaz, Asfal e CAPESESP, considerando seus programas de saneamento adequados. Para empresas como a de nossos associados esse passo é gigante. Mostra que mesmo diante de tantas adversidades, remando, literalmente, contra a maré da inflação médica exorbitante, da incorporação de novas tecnologias frequentes, de condições regulatórias desfavoráveis, conseguimos, sem deixar de lado a qualidade dos nossos serviços, mostrar toda a criatividade, resiliência e competência de nossos associados para reagir e vencer. O fim da direção é o reconhecimento da ANS da boa gestão do plano, a garantia de sequência das atividades, de continuidade dos propósitos e cuidados daquela instituição. Eu sei que 2020, definitivamente, não foi um ano para comemorações. Entretanto, é necessário enaltecer aqueles que, muito antes da pandemia, já estavam passando por dificuldades e readequando suas regras, protocolos e compromissos internos, e, apesar do caos gerado pelo novo coronavírus desde março, conseguiram se manter firmes e atingir o objetivo. 2021 é uma grande incógnita. Ouso entrar numa seara que não é a científica, pilar essencial da saúde, mas prevejo que até os astros estejam meio perdidos neste início de ano. Contudo, um fato que posso garantir de olhos fechados é: aconteça o que acontecer, nos manteremos em pé, prestando uma assistência de qualidade a um custo justo para empregadores e beneficiários. Porque resiliência está no nosso DNA. E se desafiar, também. *Anderson Mendes é presidente da UNIDAS (União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde) |
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