A onda do Covid-19 e o represamento das doenças crônicas

Por Moacyr Campos*

O mundo segue mergulhado no combate à Covid-19 e, enquanto nos consolidamos como o epicentro global da pandemia, uma onda silenciosa se aproxima, com danos que podem se estender por muitos anos. São diversos os especialistas alertando para as doenças que ficaram “represadas” por causa da prioridade que uma pandemia exige, como infarto, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e hipertensão. Essas doenças cardiovasculares se tornaram ainda mais presentes no dia-a-dia, devido ao sedentarismo e ao estresse causados pelo isolamento social.

A situação que estamos vivendo há mais de um ano limitou o acesso aos consultórios e prontos-socorros. Pacientes deixaram de fazer os devidos acompanhamentos e até a aplicação de algumas medicações, seja por superlotação do sistema de saúde ou pelo receio de se expor ao alto risco de contágio do vírus. Quando a situação normalizar e os procedimentos voltarem a ser executados com regularidade, muito provavelmente essas doenças terão evoluído para um quadro mais grave.

Essa falta de acesso e coordenação de cuidado faz com que os custos das operadoras de saúde cresçam, na mesma proporção que a expectativa de vida do paciente diminui. Uma maneira de mitigar esses ônus – tanto para o paciente quanto para a operadora – é adotar ações voltadas à Atenção Primária à Saúde (APS). A APS tem o binômio médico e enfermeira de família como pilar e permite uma avaliação de forma integral, evitando idas desnecessárias aos pronto-socorros e o encaminhamento inapropriado para um especialista.

Uma doença que está avançando silenciosamente em pacientes que optam por evitar a ida ao médico ou ao hospital com medo da Covid é o câncer. Dados do ICESP (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), mostram que 30% dos casos de câncer foram diagnosticados durante o ano passado e não tratados.

No caso dos cânceres de pele, próstata, mama e colo uterino, por exemplo, que são neoplasias que quanto mais cedo forem descobertas, maiores as chances de recuperação e eficiência dos tratamentos, o médico de família pode cumprir excepcionalmente o seu papel no rastreamento, diagnóstico e seguimento.

O papel fundamental da APS na prevenção do agravamento de doenças vai muito além da oncologia. Diversos outros fatores presentes na vida das pessoas, como sedentarismo, stress, má alimentação e tabagismo, colocam a saúde em risco e podem levar a casos de AVC ou infarto. E o médico de família, por conhecer todo o histórico do paciente e acompanhá-lo de perto, pode influenciar positivamente na decisão da mudança de rotina antes das complicações surgirem.

Na Amparo, o paciente é atendido por uma equipe multidisciplinar composta por médico de família, equipe de enfermagem, de farmácia, de nutrição e de psicologia que resolve, em média, 90% dos casos. Esse modelo de atendimento aproxima o paciente dos profissionais de saúde e agiliza a resolução de muitos agravos.

A APS também tem uma grande aliada, que se tornou um importante apoio à população ao oferecer atendimento médico a qualquer momento e de qualquer lugar: a telessaúde. O modelo de atendimento foi impulsionado pela pandemia e, além de oferecer mais comodidade, reduz custos de deslocamento e aumenta o alcance dos serviços de saúde, além de evitar os riscos da exposição desnecessária. Fazemos esses atendimentos aqui na Amparo, mas não deixamos de lado o acolhimento presencial para quem desejar assim seguir. No último ano, 83% dos atendimentos da Amparo foram realizados remotamente e 17%, presencialmente.

Os dois modelos estão caminhando muito bem e nas 12 clínicas que temos espalhadas pelo Brasil, todos os cuidados sanitários são devidamente tomados para garantir a segurança de quem precisa frequentar fisicamente a unidade de saúde. Além disso, na Amparo, o atendimento é privado e não aplicamos o modelo hospitalocêntrico, focado em urgência e emergência, tal qual o que vemos nos pronto-socorros. Isso garante ainda mais segurança para quem procura atendimento em tempos de pandemia.

Tempos esses que ainda vão perdurar por mais alguns bons meses. Por isso é hora de se cuidar ainda mais e não deixar de lado as rotinas de prevenção, principalmente durante o isolamento social, assim podemos diminuir o impacto da explosão que o represamento pode provocar quando tudo isso passar.

*Moacyr Campos é Diretor Médico da Amparo Saúde, healthtech pioneira em atenção primária à saúde (APS) presencial e remota no Brasil.

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