Estudo do InCor aponta alta mortalidade em pacientes com alterações cardíacas causadas pela covid-19

A pesquisa CoronaHeart traz pela primeira vez o recorte brasileiro dos impactos da doença no sistema cardíaco: taxa de mortalidade em pacientes que apresentaram problemas no coração é de 42%

O InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP) realizou o primeiro estudo no Brasil para avaliar os impactos da covid-19 no coração. Publicado no IJC Heart & Vasculature, a pesquisa apontou que a taxa de mortalidade hospitalar entre pacientes com covid-19 que desenvolveram problemas cardíacos em decorrência dessa doença é de 42%, com equilíbrio entre os sexos masculino e feminino. Indicou ainda que 71% desses pacientes necessitaram de terapia intensiva e 54,2% apresentaram lesões no músculo cardíaco, indicada pelos níveis elevados de troponina, proteína reconhecida como marcador de injúrias no órgão.

Além da troponina elevada, o estudo identificou também como fatores de risco de agravamento e morte a insuficiência cardíaca prévia, presente em 12,6% dos participantes da pesquisa, alterações no ecocardiograma (6%), síndromes coronárias agudas (5,7%) e arritmias (4,5%).

Entre os principais fatores associados à mortalidade, estão a idade avançada, a necessidade de ventilação mecânica, altos índices de inflamação (proteína C reativa), alteração no músculo cardíaco (troponina) e alteração no sistema de coagulação do sangue.

Com esses dados em mãos, a equipe do InCor desenvolveu um score de risco, o CoronaHeart Risk Score, para auxiliar médicos na avaliação precoce e na orientação dos cuidados e dos potenciais tratamentos em pacientes infectados com covid-19.

Conduzido pelo presidente do Conselho Diretor do InCor, Dr. Roberto Kalil Filho, tendo à frente a pesquisadora Patrícia Guimarães, o estudo intitulado CoronaHeart teve a participação de 2.546 pessoas com idade média de 64 anos, sendo 60,3% do sexo masculino.

Foram 21 unidades hospitalares envolvidas nesse estudo que acompanhou pacientes internados em todo o País, de junho a outubro de 2020. Por meio de análise retrospectiva de seus prontuários médicos, os pesquisadores avaliaram as principais alterações cardiovasculares e fatores que podem aumentar o risco de óbito nos pacientes.

“Primeiro na América do Sul, esse estudo passa agora a compor o conjunto mundial de informações sobre intercorrências cardíacas em pacientes com covid-19, ao lado de pesquisas da Itália, Estados Unidos e Inglaterra. Como cada população tem sua especificidade, é importante que tenhamos esse estudo como um recorte brasileiro”, reforça Kalil.

Um dos fatores observados também no Brasil foi o risco aumentado de óbito em pacientes com algum tipo de câncer, devido à fragilidade do sistema imune. Esse dado é similar aos resultados de pesquisas na China, porém ele não registrado em estudos do continente europeu.

A CoronaHeart apontou também que, diferentemente dos registros internacionais, no Brasil foi notada uma equalização entre o número de mortes de homens e de mulheres. Nos demais países, verificou-se a prevalência do sexo masculino no registro de óbitos.

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