Transporte e entrega de vacinas intactas, uma operação que envolve várias especialidades

Mercado de seguros faz a diferença em todo o processo de planejamento, com um gerenciamento de risco certeiro e sem sinistros registrados

Karin Fuchs

Em um país com dimensões continentais como o Brasil, com mais de 8,5 milhões de km², garantir que as vacinas contra covid-19 cheguem intactas para imunizar a população é uma tarefa e tanto, envolvendo operações logísticas e muito preparo. No caso das companhias aéreas isso já é, digamos assim, uma operação rotineira, uma vez que o Ministério da Saúde já as utiliza como parte importante de sua logística de distribuição para todo o País.

Uma dessas operações logísticas envolveu a West Cargo, a Sompo Seguros e a Alper Consultoria em Seguros para o transporte de vacinas do Instituto Butantan, em São Paulo (SP), até o local de armazenamento do Ministério da Saúde, nas adjacências do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), de onde é distribuído para todo o País por meio do Plano Nacional de Imunização.

Uma parceria que Adriano Yonamine, diretor Técnico de Transporte e Auto Frota da Sompo Seguros, conta como se deu. “A West Cargo já é cliente desde 2018 e a Alper é uma parceria de primeira hora com quem trabalhamos para disponibilizar soluções de seguro de Transporte para atender clientes de diferentes perfis. Acredito que a sinergia de trabalho que já existia entre as três empresas foi determinante para que a West Cargo e a Alper nos convidasse para integrar essa iniciativa histórica e de suma relevância para a saúde e bem-estar da população brasileira”.

Antes de começarem os embarques, em janeiro de 2021, Yonamine conta que, em meados de outubro ou novembro de 2020, eles iniciaram todo o processo de planejamento para que toda a operação acontecesse de maneira ágil, segura e eficiente. Denis Teixeira, diretor Nacional da Alper Cargo e Transportes, especifica: “já foram transportadas mais de 114 milhões de doses, sendo 100 milhões em 2021 e 14 milhões este ano, todas com 100% de sucesso. Seguimos atuando em conjunto para garantir o transporte seguro de vacinas até os dias de hoje”.

Ele destaca que a West Cargo é um grande cliente da Alper, um relacionamento de longa data. “Sempre estruturamos operações complexas e de alto valor agregado, pois a empresa possui alto nível de governança, além de aplicar sempre as melhores práticas de gerenciamento de risco. Quando a West apresentou o projeto, imediatamente aceitamos o desafio de apoiá-los negociando os melhores termos e condições para os embarques de Vacina-Covid19”.

RISCOS

Juntas, a Sompo e a Alper atuam como consultoras de seguros e riscos da West Cargo, avaliando o risco e apresentando melhores práticas de gerenciamento de risco para o transporte dos produtos. “O principal risco foi efetuar a negociação destes transportes que envolvem muitas variáveis e riscos, tais como: acidentes, roubo, avarias durante o processo de carregamento e descarregamento. Ao considerar que os valores são de alto valor agregado é necessário estruturar com a seguradora e o resseguro”, disse Teixeira.

Yonamine valida que o principal risco nesta operação é o de acidentes por fatores externos. “Mas, com baixa probabilidade por conta da excelente gestão de riscos praticada pela West Cargo. Quanto à importância segurada, esse é um dado específico da apólice que, em atenção às políticas da companhia e em respeito à privacidade do segurado, não estamos autorizados a divulgar”.

Na prática, ele diz que os especialistas da Sompo deram suporte no acompanhamento de todos os processos de embarque, além de criarem um fluxo para priorizar as liberações de embarque que garantiam que as cargas de vacinas contavam com cobertura de seguro. “Dessa forma, assim que os lotes eram disponibilizados, a liberação, o embarque, o transporte e o desembarque aconteciam de forma rápida e acompanhada por profissionais das três empresas em todos os processos”.

Nenhum sinistro foi registrado. “A operação é feita seguindo os mais rigorosos padrões de qualidade e gerenciamento de risco. Todos os processos são revisados previamente aos embarques e a monitoria é constante até a entrega do produto no local combinado. As medidas de prevenção de perdas têm surtido o efeito desejado e estamos com 100% de êxito nas entregas, sem que tenhamos qualquer tipo de perda”, explica Teixeira.

Yonamine ressalta que essa parceria é mais um exemplo da relevância dos segmentos de logística e seguros no dia a dia da população. “Toda uma gama de profissionais, tanto da transportadora quanto da corretora de seguros e da seguradora, se empenharam diariamente para que as vacinas chegassem com segurança ao seu destino. Com isso, nós demos nossa parcela de contribuição para transformar uma realidade e para que estejamos cada vez mais próximos do fim da pandemia”.

Globalmente, a Aon apresentou uma solução para fornecer proteção para a cadeia de suprimentos em remessas globais de vacinas contra a Covid-19, incluindo uma cobertura de seguro, combinando dados de sensor e análises. Por aqui, Ricardo Guirao, diretor de Transportes da Aon no Brasil, explica como é essa atuação.

“Usamos nossa expertise para contribuir para que a vacina e toda a sua operação logística esteja coberta dentro de um programa de seguros confiável e robusto, além de ajudar as empresas envolvidas na obtenção de novos limites de garantia nunca antes transportados em vacina (R$ 55 milhões em um embarque), assim como no gerenciamento de risco flexível e inteligente, sem onerar este transporte, mas oferecendo a segurança necessária”.

A Aon conta com um grupo especializado focado em consultoria de riscos com amplo conhecimento nas exposições dos mais diversos segmentos. “Em especial no segmento Pharma, em que atuamos junto aos laboratórios, distribuidores e transportadores responsáveis pela distribuição das vacinas. Com isso, elaboramos contratos de seguros de transporte, bem como regras de mitigação de riscos, para que as cargas sejam entregues em todos os domicílios estabelecidos pelos governos federais e estaduais, na mais perfeita ordem”.

Ele também diz que o gerenciamento de risco para o transporte de vacinas é um grande desafio. “Pois, todo programa de vacina acontece de forma ordenada e com prazos apertados, para que todos os pontos (postos) sejam abastecidos. Os principais riscos estão ligados ao desvio da carga, acidentes durante o transporte e danos relacionados à oscilação de temperatura. Uma simples abertura errada no compartimento de carga do veículo pode comprometer mais de 20 doses de vacinas”.

Para este tipo de operação, a Aon oferece uma cobertura All Risks. Guirao conta que eles tiveram várias liberações acima dos R$ 15 milhões e sem a previsibilidade para customizar a operação do ponto de vista logístico, “ou seja, as vacinas chegaram no aeroporto às 11h e às 14h já precisavam estar no Ministério da Saúde para ser redistribuída. Muitas vezes, contamos com a colaboração das equipes de segurança pública e privada, visando à proteção do produto”.

Mesmo com toda a complexidade, não houve ocorrência de sinistros. “Até hoje, não tivemos nenhum sinistro ou evento que pudesse comprometer a entrega das vacinas. De qualquer maneira, a exposição de risco do ponto de vista do mercado segurador é elevada, pois são eventos severos, caso ocorram”, finaliza.

GOVERNO E ABEAR

Em dezembro de 2020, o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) fecharam uma parceria não somente para o transporte de vacinas, mas também de insumos a custo zero para o Governo, com o objetivo de apoiar a logística de distribuição das doses aos Estados e municípios.

“Este trabalho conjunto foi extremamente importante para acelerar o processo de imunização nos últimos meses”, afirma Ruy Amparo, diretor de Segurança e Operações de Voo da ABEAR.

Todas as companhias aéreas brasileiras participaram desta parceria, GOL, LATAM, VOEPASS (associadas à ABEAR) e Azul. Desde janeiro de 2021, quando teve início a distribuição de vacinas, até janeiro deste ano, 315 milhões de vacinas foram transportadas pelo Brasil. Sobre os preparativos, Amparo informa que o transporte de vacinas e medicamentos já é algo bastante corriqueiro na aviação comercial.

“O Ministério da Saúde usa as empresas aéreas como parte importante de sua logística de distribuição para todo o Brasil, então, os procedimentos já estavam determinados para o transporte das vacinas contra a covid-19. Lembrando que o engajamento das empresas foi total, tanto no sentido de dar celeridade a esta distribuição quanto no fato deste transporte, em particular, não ser cobrado no âmbito doméstico”.

Em relação às ocorrências/sinistros, Amparo responde que não houve registro de maiores problemas com o transporte de vacinas em aeronaves de empresas associadas à ABEAR, e que a parceria continua enquanto a pandemia estiver em curso. “Novos volumes dependem do planejamento do Governo Federal para a distribuição das vacinas contra a covid”, conclui.

Conteúdo da edição de abril (241) da Revista Cobertura

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