De norte a sul do país: qual a tendência do mercado de seguros para 2024?

Seguros de Responsabilidade Civil, Automóvel, Condomínio, Empresarial e Vida estão entre os principais ramos, todos alinhados a inovação, tecnologia e o suporte do corretor

O ano de 2023 foi desafiador, mas com novas descobertas para o mercado segurador. Catástrofes de eventos climáticos, oscilação econômica, mudanças políticas, uso ampliado e mais popular da Inteligência Artificial (IA). Dentro dessas e outras mudanças consideráveis de 2023, a indústria de seguros tem se mostrado uma das mais resilientes ao longo do tempo, segue em alta, mas também é uma das que mais precisou se adaptar à nova realidade de inovação. Para André Moreno, diretor regional SP Centro Norte da maior rede de corretoras de seguros do país, Lojacorr, é um mercado em constante evolução. “Sempre vi nosso mercado crescer nas adversidades. Enfrentamos crises econômicas, políticas, uma pandemia, mas sempre crescendo e se desenvolvendo”. Com isso, as tendências se refletem em como o mercado vem se adaptando a realidade socioeconômica. “A gente espera que todas as seguradoras e o mercado estejam mais estáveis, os preços mais acomodados e mais flexíveis para o consumidor final”, complementa Eucrésio Neto, diretor regional Norte e Nordeste da Lojacorr.

Portanto, haverão mudanças de comportamento do setor, seguindo as estratégias e adaptações do mercado. Segundo o diretor regional Sul da Lojacorr, Ernani Lepchak, entre as principais tendências para o setor de seguros em 2024, de modo geral, estão: “a personalização de produtos e serviços, a crescente importância da IA, o foco na experiência do cliente, a sustentabilidade e a segurança cibernética, tudo que gira à volta do nosso mercado para que cada vez mais os seguros estejam integrados às nossas vidas diárias, e não apenas como um recurso para momentos de crise”, explica.

Em relação à produtos, Antonio Carlos Fois, diretor regional Centro Sudeste da Rede Lojacorr, explica que há previsão de um crescimento de 10,9%, segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) para o mercado de seguros em 2024 e em todas as regiões haverá crescimento na procura por seguro de automóveis, devido ao aumento do número de emplacamentos de veículos e redução dos prêmios dos seguros nos últimos meses. “A expectativa é que esses fatores permaneçam estáveis no próximo ano, favorecendo o acesso ao seguro. Além disso, o seguro intermitente, ou ‘pay per use’ deverá crescer e ser uma opção para os novos consumidores de seguro auto. A forte expansão e oferta de Consórcios de Auto e de Imóveis também contribuirá para o aumento na procura por proteção patrimonial, além do seguro contra riscos cibernéticos que tem chamado atenção da população”, refletiu.

Além dos produtos, Dirceu Tiegs, presidente da Lojacorr, aponta que o setor também estará mais atento à importância da figura do corretor intermediando o negócio. “A inovação e a transformação digital estarão cada vez mais presentes na vida dos consumidores, que querem a conveniência e a velocidade de uma plataforma digital, conectada com um profissional corretor de seguros, que dá a confiança da melhor proteção para cada pessoa, família ou empresa. Porque quanto mais distante se fica do seu produto/serviço contratado, menos laços se criam. E o corretor nunca perderá seu papel, pois só ele consegue dar o atendimento em todas as etapas da jornada do segurado”, explica.

Fois também reafirma essa participação indispensável do corretor e que esse profissional deve estar preparado para as necessidades que o mercado exigirá. “Diante de tantas tendências positivas, oportunidades e expectativa de forte crescimento, é muito importante que os corretores de seguros continuem investindo em capacitação. Devem ficar atentos em todos os assuntos relacionados à inteligência artificial e ao Big Data, que são as operações de coleta, qualificação e análise de dados, fundamentais para a melhor tomada de decisões e insights de vendas”, aponta.

Mas apesar da tendência do mercado segurador seguir em alta com produtos mais populares  e que são os ‘carros chefes’, há a peculiaridade de cada região.Veja abaixo os destaques de norte a sul do país:

Sul 

No Sul, segundo Lepchak, o mercado seguirá a projeção de dados publicados pela CNSeg e tendo como principais ramos os produtos para Responsabilidade Civil, Automóvel e serviços relacionados à proteção da vida.  Para ele, será um mercado ‘mais competitivo do que nunca’. “Haverá a chegada de novos players que fará com que as seguradoras tradicionais tenham que continuar com investimentos para se manterem competitivas no mercado, assim como corretores de seguros deverão estar preparados para novos desafios com mais conhecimento e diversificação”, diz.

Lepchak relembra que nesse ano de 2023, a região sul sofreu com o clima e que deve ser um alerta para a procura de seguros em 2024. “Vivemos um ano na região sul com muitos problemas climáticos que afetaram muitas vidas e consequentemente patrimônios, constatamos que diversas modalidades de seguros foram importantes e continuam sendo para o recomeço de vidas e empresas, mas por outro lado, infelizmente, verificamos uma grande quantidade de pessoas que perderam tudo e não tinham seguros”, relata.

Por fim, destaca ainda que de modo geral, o sul terá grandes oportunidades de crescimento em produtos específicos. Uma delas será o da construção civil. “Em função da quantidade de obras que teremos no sul ano próximo, será altamente promissor para os corretores e seguradoras que tiverem foco neste segmento. Desde a cobertura básica para danos materiais causados à obra até a cobertura para possíveis danos que possam ser causados a operários, decorrentes das atividades executadas, bem como adventos da natureza”, explica.

Outros seguros que devem seguir uma tendência é o de responsabilidade civil, seguro empresarial, seguro residencial, seguro de vida face às finalidades mencionadas acima, bem como a carteira de automóvel onde as seguradoras conseguiram recuperar seus resultados. No geral, o diretor aponta ainda que no caso específico do Sul, pelo fato de ter grande relevância na agricultura, encontrará ainda muito espaço em produtos ligados a esta atividade, além de oportunidade para mix de carteira. “ É uma oportunidade para que os corretores possam oferecer outros produtos a segurados que já se encontram nas respectivas carteiras, assim como novos segurados.

Norte-nordeste

Para 2024, essa região deve seguir com o seguro automóvel sendo o carro chefe, mas Neto aponta que uma grande tendência é o seguro de condomínio, o empresarial, o seguro de riscos diversos e até mesmo o seguro rural. “A gente está com uma boa aceitação do rural, grande gama de clientes para este tipo de seguimento”. Além deles, o diretor fala da oportunidade de desenvolver seguros voltados para pessoas como o seguro de Responsabilidade Civil Profissional no mercado, o seguro de vida e o seguro de saúde que não param de crescer. Outro diferencial da região é o mix de carteira e atrair mais corretores para atuação no mercado. “A ideia é que o corretor possa se desenvolver cada vez mais, não só naquele segmento que é o que ele mais atua, mas com os demais segmentos e aí ele se torna um corretor de muti ramo e consegue atender toda a sua clientela”, explica Neto.

Centro-Sudeste e Centro Oeste

Nessa região, segundo André Moreno, o mercado de seguros estará focado nos ramos massificados, deve passar por ajustes na precificação e manter a tendência de redução do custo médio, principalmente no seguro automóvel.  E que com essa redução do preço do seguro auto, dependendo de demais fatores macroeconômicos, o produto fica mais acessível. “As seguradoras conseguiram ajustar suas sinistralidades, os preços vem baixando e isso traz alguns impactos”, aponta. Entre as mudanças, André Moreno relata que com a redução do ticket médio, o corretor precisa ajustar seu comissionamento para manter seus ganhos ou fazer mais negócios e apostar na diversificação de carteira que se faz imprescindível nessa nova mudança. “Isso pode fazer com que se tenha um maior equilíbrio no mix de carteira dos corretores de varejo, gerando mais proteção”, defende. O diretor aponta ainda a necessidade da adoção de mais tecnologia e IA: “essas ferramentas devem apoiar o mercado na geração e análise das oportunidades, com mais assertividade nas ofertas”, fala.

Já Fois explica que, especificamente no Sul de Minas, Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Goiás, há muitas oportunidades para o seguro de equipamentos e para o seguro rural. “Um seguro que é fundamental para dar tranquilidade aos produtores rurais, sobretudo quando ocorrem sinistros e há necessidade de diminuir as perdas de produção e de garantir recursos para manutenção da atividade”, diz. Já no Distrito Federal, o diretor explica que embora haja uma forte tendência para contratação de seguros de automóveis e do seguro saúde e odontológico, há muito espaço e possibilidades para crescimento do seguro de vida e patrimonial para pequenas e médias empresas. Por outro lado, no Rio de Janeiro e Espírito Santo, o seguro de auto continuará crescendo, mas há oportunidades para o seguro garantia, pelas características destes estados, seguro residencial e também o seguro de vida, especialmente para pequenas e médias empresas (PME)

E na Zona da Mata mineira, Centro Oeste de Minas e Vale do Aço, Fois aponta que há a tendência de destaque para os seguros patrimoniais e de pessoas, pois são seguros avançaram muito nos últimos anos, e continuarão crescendo, mas alerta: “há uma baixa comercialização de seguros de responsabilidades, como E&O e D&O. Há muitas oportunidades, mas requer especialização da força de vendas para aumentar a oferta e fechamento de novos contratos”.

Já na capital mineira, Belo Horizonte, todos os ramos de seguros cresceram muito em 2023, e a tendência é que o crescimento do mercado se mantenha forte para 2024, com mais procura por seguros. “Nessa região há excelentes oportunidades para o seguro de condomínio, residencial, empresarial e Vida PME”, indica.

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