A epidemia do roubo de cargas e o impacto no seu bolso

Marco Antônio Barbosa**

Marco Antônio Barbosa

Quanto o risco Brasil impacta no produto que chega até a sua casa? Esse é um questionamento que a sociedade deveria começar a se fazer para cobrar ações mais efetivas do poder público para um crime silencioso, mas que vem se tornando uma epidemia no país: o roubo de cargas. Segundo um relatório divulgado pela consultoria Overhaul, multinacional de gestão de riscos que analisa anualmente a segurança no deslocamento de mercadorias no Brasil, houve um crescimento de 4,8% neste tipo de crime no ano passado em comparação com 2022.

Ao todo foram contabilizadas 17.108 ocorrências, frente a 16.331 no ano anterior. É o equivalente a dois casos por hora. Deste montante, 3% foram dentro de centros logísticos. Apesar de parecer baixo, seriam cerca de 500 ocorrências que geram prejuízos astronômicos para as empresas, pois os valores encontrados nestes espaços, na maioria dos casos, são bem maiores do que os subtraídos de dentro de um caminhão.

Mas como este cenário impacta a todos nós?

O aumento do número de roubos e o prejuízo das empresas afetadas por esses crimes também impactam diretamente no valor agregado do produto a ser vendido. Além da carga de impostos, os empresários precisam recuperar as perdas com mercadorias desviadas.

Para evitar custos ainda maiores e sem a garantia de uma segurança pública eficiente, é preciso garantir suas operações com recursos próprios e investimento em sistemas de segurança de última geração. Desta forma, além de evitar novas ocorrências, as companhias conseguem benefícios de redução nos valores dos seguros para os armazéns.

A segurança pública precisa estancar essa epidemia antes que ela afete o crescimento industrial, que retomou índices satisfatórios. A presença das indústrias nos condomínios logísticos brasileiros registrou uma elevação de 31,17% em 2023, segundo um estudo publicado pela plataforma Marketing Analytics da SiiLA, multinacional de análise de dados do mercado imobiliário comercial na América Latina.

O setor de condomínios logísticos também cresce a cada ano. Uma pesquisa da consultoria imobiliária JLL revelou que o estado de São Paulo registrou, em 2023, o seu recorde de locações desse tipo de estrutura, com 2,2 milhões de m² no acumulado do ano. O resultado representou um volume 10% maior do que o de 2022, quando foram somadas cerca de 2 milhões de áreas locadas no segmento.

É necessário, urgentemente, uma estratégia nacional para coibir esse tipo de crime que envolva inteligência, para investigar essas quadrilhas e antever as ocorrências, além de medidas de curto prazo com mais policiamento nas estradas e nos distritos industriais.

O investimento em segurança é um dos pontos cruciais para um crescimento econômico sustentável, que tenha como consequência produtos mais baratos para o consumidor.

** Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil

Revista Cobertura desde 1991 levando informação aos profissionais do mercado de seguros.

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