Para quem são destinados os programas corporativos de saúde mental?

*Por Dr. Luiz Ribeiro, Diretor Médico da Lockton Brasil

Luiz Ribeiro

A Saúde Mental ganhou destaque no ambiente corporativo em meados de 2020, quando o mundo foi atingido pela pandemia da Covid-19. Apesar do ganho de popularidade e maior interesse sobre o tema, antes mesmo deste período o cenário do bem-estar dos brasileiros já era preocupante: o Brasil já era líder em ansiedade no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

Esta época também foi marcada pelo aumento da venda de medicamentos antidepressivos, que cresceu em 58% de 2017 para 2021, segundo pesquisa do Conselho Federal de Farmácia. Números estes que foram impulsionados devido aos novos casos de depressão, ansiedade e outras doenças mentais, mas também pelo aumento no acesso às informações necessárias para identificar os sintomas, o que fez com que muitas pessoas que já possuíam este histórico descobrissem seus diagnósticos.

No cenário corporativo, a OMS alerta que os casos mais leves são responsáveis por uma média das faltas de quatro dias de trabalho no ano e, nos casos mais graves, esse período pode chegar a 200 dias de afastamento remunerado. Ao olhar para esses dados e entender a necessidade de cuidar do bem-estar dos colaboradores, as empresas começaram a implementar novas políticas de cuidados, ações e benefícios para apoiar suas equipes.

Porém, apenas oferecer esses serviços sem uma rede de apoio não é suficiente para garantir que seus colaboradores estejam em um ambiente seguro e que realmente proporcione as oportunidades de desenvolvimento que necessite.

Por exemplo, como um colaborador poderá utilizar um benefício de academia se essa pessoa leva quase quatro horas no trajeto de ida e volta do trabalho? Após chegar em casa, o colaborador estará tão cansado que esse benefício será o último que pensará em utilizar. E, outro ponto importante que deve ser considerado: a academia está disponível perto da casa do colaborador ou apenas do escritório?

É também avaliar a necessidade de cada equipe, ou seja, realmente olhar para cada colaborador e entender, de maneira coletiva, quais benefícios aquele time realmente precisa. Qual é a faixa etária dos seus colaboradores? Como eles aceitam conversas sobre saúde mental? Como, além dos benefícios, você pode implementar uma rotina saudável de trabalho?

Além de ajudarmos a democratizar este tema, precisamos também fortalecer uma cultura de cuidado que realmente atenda cada colaborador. Afinal, benefícios devem ser pensados de fato para as pessoas e não para a comunicação empresarial.

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