Sinistros de carga marítima e terrestre, como lidar com eles?

Por: Fernando Bustos Picot, Country Manager Crawford México

Fernando Bustos Picot

A história nos mostra que, apesar dos grandes avanços que fizemos nos diferentes meios de transporte, não podemos ter controle absoluto sobre eventos imprevistos. Não importa o que os cause – questões ambientais, políticas, sociais, descuido ou erro humano – eles têm um impacto direto sobre todos os segmentos em todo o mundo. E o setor de cargas não é exceção.

Eventos como o COVID e a guerra na Ucrânia, ou os acidentes de carga relatados pela mídia, nos dão uma visão de alguns dos efeitos que acontecem quando o setor de transporte de carga, seja marítimo, aéreo ou terrestre, é atingido. Ocorrências neste setor têm um impacto direto em diferentes aspectos, como aumentos de preços nas tarifas de frete, nos alimentos e outros produtos de consumo, diminuições na produção devido à falta de matérias-primas ou petróleo, fechamento de operações em portos, empresas e muito mais.

Como consumidores, todos os dias estamos expostos a produtos que percorreram milhares de quilômetros para chegar às nossas mãos. Com raríssimas exceções, pensamos nesse trajeto e nos desafios enfrentados pelo transporte de carga. Dados do Banco Mundial (2020) revelam que o tráfego de contêineres no mundo chega a 791 milhões de unidades1.

Se acrescentarmos a isto o fato de que o transporte marítimo internacional é responsável por cerca de 90% do comércio mundial2, temos uma perspectiva muito mais próxima da importância desta indústria para as empresas e os consumidores.

Seguro de carga: a melhor prevenção

Em meus mais de 20 anos de trabalho no mercado de seguros e resseguros na América Latina, e nos últimos 5 anos na regulação de Sinistros na Crawford, não posso concordar mais com a citação do filósofo Sêneca: “quando em meio à adversidade, é tarde demais para ser cauteloso”.

Dados do relatório “Safety & Shipping Review 2022″3 da Allianz Global Corporate & Specialty SE, afirma que a frota mundial tem cerca de 130.000 navios (mais de 100 toneladas brutas [GT]), que podem enfrentar situações adversas a caminho de seu destino final. Por sua vez, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) afirma que a América Latina mobiliza mais de 17% das exportações e importações4 mundiais por via marítima. E, é claro, quando a carga chega a seus destinos, ela é movida por terra, onde mais uma vez é vulnerável a acidentes, que podem tornar-se os maiores inimigos de uma empresa.

Convencido de que a única maneira de lidar com estes riscos é a prevenção, volto ao título deste artigo: Como lidar com Sinistros neste setor. Não há uma resposta única mas, nas linhas seguintes, vou compartilhar algumas dicas de como segurar sua carga e dar o primeiro passo na prevenção. Obter uma apólice de seguro garante reduzir o impacto e/ou evitar perdas e danos materiais e financeiros durante o transporte de seu produto.

1. Identificar a seguradora. Trabalhar com uma seguradora que tenha experiência no manuseio de apólices de seguro para transporte de cargas, em suas diferentes modalidades, com conhecimento do comércio internacional e das regulamentações, é o primeiro passo para garantir uma boa cobertura.

2. Segurar as mercadorias. Uma vez definida a seguradora com as credenciais e conhecimentos necessários, são estabelecidas as medidas de segurança de que a carga a ser movimentada necessita. Isto envolve variáveis como o valor da mercadoria, a rota, as necessidades do produto como a refrigeração, o impacto econômico de uma perda, o tempo de transferência ou a vida útil do produto, entre outras.

3. Ouça os especialistas. Um dos erros mais comuns é eliminar as medidas de segurança por causa do custo. Lembre-se que é melhor prevenir e proteger os diferentes cenários que a carga pode enfrentar, protegendo seus interesses. Ouvir seu corretor ou agente de seguros é da maior importância nesta etapa.

4. Envolva-se no planejamento da rota de sua carga. Esta etapa é muito importante quando se trata de segurança da carga, especialmente em nossos países da América Latina. Certifique-se de ter segurança adicional, como GPS ou escolta, se a rota ou o produto que você está transportando permitem.

5. Saiba qual empresa irá cuidar de seu Sinistro. A empresa de ajuste é a que intervém e trata do caso quando ocorre um sinistro. Uma equipe experiente em lidar com os diferentes cenários de um sinistro e o uso de ferramentas inovadoras pode ter um impacto positivo ou negativo numa reclamação. Sendo parte da Crawford, tenho visto como uma empresa global com tecnologia de ponta, foco, experiência e conhecimento local e regional, permite que nossos clientes recebam atenção imediata e transparente, diminuindo o tempo para reativar e/ou proteger o investimento comprometido.

6. Descubra o que fazer no caso de uma reclamação. Revise sua apólice e seja claro sobre os tempos de notificação em caso de sinistro, os documentos necessários, identifique suas obrigações e direitos e os da companhia de seguros também.

O mundo dos transportes e dos seguros está em constante movimento, aprendendo e adaptando-se às mudanças. Na Crawford estamos na vanguarda, liderando essas mudanças para atender nossos clientes com expertise e foco regional, mas com conhecimento do mercado global.

[1] https://datos.bancomundial.org/indicator/IS.SHP.GOOD.TU

[2] https://www.agcs.allianz.com/news-and-insights/news/safety-shipping-review-2022.html

[3] https://www.agcs.allianz.com/news-and-insights/news/safety-shipping-review-2022.html

[4] https://www.cepal.org/sites/default/files/news/files/boletinmaritimo72_esp.pdf

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