Ação em Pernambuco desarticula rede acusada de fraudar seguro automotivo. Práticas ilegais têm impacto direto no bolso do consumidor

Foi deflagrada, na última terça-feira (21), a Operação “Mandacaru”, que visa desarticular uma rede criminosa atuante em Petrolina e Serra Talhada, no sertão de Pernambuco, acusada de fraudar seguros automotivos. De acordo com as investigações, o grupo era composto por proprietários de oficinas, corretor de seguros e operadores denominados “laranjas”, especializados em forjar acidentes de veículos e falsos relatos de roubos, para obter indenizações ilegais de seguradoras.

A ação foi operada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), com a colaboração da Polícia Militar, por meio do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (BEPI), e da Polícia Civil. Segundo Ronaldo Dalcin, presidente do Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste (Sindsegnne), as fraudes no seguro automotivo representam um desafio significativo para as seguradoras e têm amplos impactos tanto para as empresas quanto para os consumidores.

“De acordo com o relatório recente divulgado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), as fraudes contra seguradoras totalizaram um montante de R$ 824,9 milhões em 2022, correspondendo a 16,1% do valor dos sinistros suspeitos no Brasil. Ao analisar mais amplamente o cenário na América Latina, a situação se mostra ainda mais grave, chegando a cerca de 50 bilhões de dólares em fraudes, conforme destacado no relatório. O seguro automotivo emerge como o produto mais afetado por essas práticas ilícitas”, afirma Dalcin.

O presidente explica que, entre as fraudes mais comuns, estão os sinistros falsos, especialmente em áreas remotas do interior, onde a falta de câmeras e de testemunhas facilita a encenação de acidentes, como colisões com animais. “Também existem os casos de sinistros exagerados, nos quais oficinas, muitas vezes, colaboram aumentando artificialmente os custos de peças e mão de obra, elevando assim o custo médio dos sinistros”, aponta.

Outro aspecto preocupante, segundo Ronaldo Dalcin, é a inversão de culpa, uma prática frequente em que os envolvidos em acidentes, mesmo quando claramente são culpados, realizam acordos informais para que um dos segurados se declare culpado em troca do pagamento da franquia.

“Além disso, muitas vezes, para reduzir o custo do seguro, os segurados fornecem informações falsas sobre o condutor principal, apresentando uma figura mais favorável, como alguém mais velho e casado. No entanto, na prática, o condutor principal é ser um jovem solteiro, representando um risco maior para a seguradora. Essa prática, além de configurar um crime de fraude no seguro, tem impactos diretos no custo da apólice”, completa.

O presidente explica ainda, que, ao precificar os seguros automotivos, as seguradoras são forçadas a considerar uma margem maior de agravo devido ao expressivo percentual de sinistros fraudulentos. “Isso significa que o custo adicional resultante dessas fraudes acaba sendo repassado aos segurados, refletindo no valor final do seguro. Portanto, a luta contra as fraudes no seguro automotivo não apenas busca a integridade do sistema, mas também visa garantir uma precificação justa e transparente para os consumidores”, finaliza.

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