Saúde suplementar pode ter acessibilidade prejudicada

“Daqui a pouco teremos um produto que faz tudo e paga tudo, mas para quem? Estamos tornando o saúde de mais difícil acesso”, chama à reflexão o presidente da Unidas Autogestão

Embora o setor de saúde suplementar esteja próximo a 50 milhões de beneficiários, o número pode não ser mantido em 2023, pois pode haver um regresso do avanço que houve no número de beneficiários.

“Será fatal a necessidade de recomposição de valores de prêmio ou da apólices para que o setor obtenha algum equilíbrio”, comenta Manoel Peres, presidente da FenaSaúde.

Para ampliar o acesso dos brasileiros à Saúde Suplementar, inclusive este foi o tema de debate no 26º Congresso Abramge realizado em setembro, Perez sugeriu debater dois eixos que podem significar mais previsibilidade e maior possibilidade de avanço no ingresso de pessoas no setor de saúde suplementar.

“O primeiro é que seja discutida a análise que é feita na judicialização do Código de Defesa do Consumidor, na qual não é levada em consideração a legislação específica do setor, e sim a prestação de serviço relativo ao Código”, sugere.

O segundo ponto, de acordo com ele, é deixar de ter o preconceito da eventual complementaridade do setor, de ele ser, de fato, suplementar. “A dicotomia que se criou entre prestação de serviço público e privado, levou a essa questão de que o setor é substitutivo integralmente quando na realidade não é possível”, explica.

Acessibilidade prejudicada

Para Anderson Mendes, presidente da Unidas Autogestão, insiste-se muito em gastar muita energia e perder tempo com temas que não deveriam ser discutidos.

“Qualquer serviço de seguro, de mutualismo, não funciona se não houver regra. Isso não se sustenta e perdemos um tempo enorme e gastamos esforço para fazer algo que não deveria. Deveríamos estar discutindo pontos que fariam diferença ao acesso, como eficiência e empregabilidade, dentre outros pontos que facilitariam o acesso à saúde”.

Dar acesso significa tornar os serviços acessíveis. Na saúde está acontecendo o contrário. “Cada vez mais o produto saúde é elitizado. Temos um produto que será amplo com o rol taxativo, regras abertas. Daqui a pouco teremos um produto que faz tudo e paga tudo, mas para quem? Estamos tornando o saúde de mais difícil acesso”.

“Aguardar mudança política para que tenhamos mais debate sobre esse assunto, é acender vela e ficar rezando. Nós precisamos de ações que façam a diferença e inserir mais pessoas para essa discussão”, acrescenta Mendes, para quem é necessário chamar todos para o debate. “Saúde é um produto bom, mas cada vez menos acessível”.

Defesa do equilíbrio do setor

“Neste ano, estamos passando por uma crise como nunca em tempo tivemos no histórico da saúde suplementar. Nunca tivemos uma crise tão grave como essa, em que pese sabermos reconhecer e ter fontes seguras de monitoramento de desempenho de toda a diretoria da ANS tem feito em defesa dos interesses da classe como um todo”, ressalta Emilson Ferreira Lorca, vice-presidente da Unimed do Brasil.

Ele destaca que, desde os primeiros tempos da ANS, ela permitiu um ganho muito grande para o sistema de saúde suplementar como um todo. “Sobretudo porque permitiu e nos estimulou, e falo sobretudo no segmento Unimed, em que houve uma necessidade de profissionalização. Tenho plena confiança de que vamos, com competência, superar a crise da pandemia”.

“Se olharmos o setor há 20 anos, notaremos que o setor evoluiu, tanto do ponto de vista da prestação de serviço médico-hospitalar. O que eram os hospitais e centros de diagnósticos 20 anos atrás e o que são hoje? Isso se deve ao conjunto de ações do setor privado, que é muito relevante na economia”, destaca o presidente da FenaSaúde.

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