Focado em competências de ensino docente, a iniciativa promove encontros formativos para contribuir com os desafios de engajamento estudantil e as relações interpessoais no ambiente escolar
Nesta segunda-feira, 10 de outubro, Dia Internacional da Saúde Mental, o Instituto Ânima (do grupo Ânima Educação), a Seguradora Zurich e a Z Zurich Foundation apresentaram em coletiva de imprensa o programa “Projeto de Vida — e a temática da Saúde Mental nas juventudes”, voltado às escolas públicas de educação básica de todo o país.
A iniciativa tem como eixo a formação docente em metodologias de ensino e aprendizagem, à luz da neurociência, para desenvolver competências de prática e engajamento profissional. Os encontros formativos possibilitam, ao professor, integrar recursos educacionais, no planejamento e execução de atividades, considerando aspectos atitudinais e comportamentais que favoreçam a construção do projeto de vida do estudante. Frente aos desafios e demandas acentuados pela pandemia, a proposta traz uma série de ações que informam, orientam e promovem a reflexão do estigma relacionado à saúde mental.
Concebido como uma diretriz pedagógica na política educacional de estado, inicia na rede pública de ensino goiana, pioneira na implementação do programa, dentro do componente curricular Projeto de Vida, direcionado aos professores e estudantes do Ensino Médio.
“A parceria da Seduc com o Instituto Ânima tem rendido excelentes frutos como, por exemplo, a oferta de palestras sobre Saúde Emocional e Mental para os professores. Nós sabemos que a aquisição de competências socioemocionais é uma exigência do futuro e ter profissionais capacitados tratando disso com os professores da rede é sair na frente rumo a esse futuro. Isso tem sido muito positivo e tem surtido efeito no chão da escola, que é onde realmente importa”, diz a secretária de Estado da Educação de Goiás, Fátima Gavioli.
Ana Paula Maniá da Matta, Gerente de Responsabilidade Social e Comunicação Corporativa da Seguradora Zurich, destaca a preocupação da companhia com a saúde mental dos brasileiros como tema prioritário desde 2019, afinal, o país reunia na ocasião, o maior número de pessoas ansiosas no mundo: 9,3% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esse número tomou proporções alarmantes na população durante a pandemia. Cerca de 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou, de acordo com pesquisa do Instituto Ipsos encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, realizado em abril de 2021, o que tornou a iniciativa ainda mais urgente.
“A principal causa dessa falta de diagnóstico e tratamento é o estigma e o preconceito em relação à doença mental. Isso faz com que outros médicos não encaminhem seus pacientes ao psiquiatra, esse é o motivo mais frequente para pacientes não seguirem o tratamento psiquiátrico”, diz Wagner Gattaz, professor e presidente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e CEO da Gattaz Health&Results.
Para Daniele Paz, Diretora Executiva do Instituto Ânima, o tema saúde mental deve ser trabalhado pela pasta da educação, considerando inclusive os profissionais da educação, com o objetivo de contribuir nas relações intrapessoais e interpessoais, com reflexos diretos no ambiente escolar. De acordo com pesquisa da Associação Nova Escola, 72% dos educadores brasileiros tiveram a saúde mental afetada e precisaram buscar apoio em 2020.
“A oportunidade de contar com os educadores para conduzir a temática em um componente que trata de sonhos e ideais é um ponto de partida para resgatar esse vínculo e o significado da escola para o estudante”, explica Daniele.
O programa não oferece nem indica tratamento médico. A partir da problematização dos temas relacionados à saúde mental como ansiedade, depressão e stress, o professor desenvolve com o jovem situações de aprendizagem que visam a construção do seu projeto de vida, considerando inclusive as habilidades socioemocionais necessárias para realizá-lo, como autoconsciência, autogestão e tomada de decisão responsável. Ao longo do ensino médio, o jovem irá ponderar as suas escolhas para decidir com responsabilidade e autonomia, a continuidade dos estudos e/ou sua inserção no mundo do trabalho.
“Na Z Zurich Foundation, nós acreditamos num mundo onde cada jovem é estimulado a cuidar de sua saúde mental de maneira proativa. O reconhecimento da necessidade de promover o bem-estar mental da juventude pelas autoridades legais de educação é crucial para criar impacto da maneira mais sustentável possível”, diz Sofyen Khalfaoui, líder do Programa de Melhoria do Bem-Estar Mental da Z Zurich Foundation.
Além de atuar diretamente nas escolas, a iniciativa criará uma plataforma on-line com trilhas formativas, relacionadas aos eixos estruturantes de Projeto de Vida e Saúde Mental (BNCC, competências socioemocionais e saúde mental), que está sendo desenvolvida em parceria com a Flow School (Grupo Ânima).
“Todo mundo pode enfrentar um problema de saúde mental em qualquer momento da vida, independente da classe social. Levar isso para a escola pode iniciar um movimento importante, levando o assunto para fora da escola e multiplicando o conhecimento”, ressalta Ana Paula Maniá da Matta.
O programa é cedido pelo Instituto Ânima aos governos e está disponível para adesão pelas redes de ensino públicas estaduais e municipais. “O Laboratório de Inovação em Políticas Públicas Educacionais (Lippe) do Instituto Ânima promove o encontro entre a academia, o poder público e investidores do terceiro setor e serve à resolução de problemas educacionais com base em evidências científicas produzidas pelas avaliações de impacto realizadas. Buscamos melhorar a qualidade da educação pública por meio de formação docente e da produção de recursos educacionais continuamente avaliados, para que respondam aos desafios de contextos apresentados por cada rede”, comenta Daniele Paz, Diretora Executiva do Instituto Ânima.