Aumento de sinistros impulsiona demanda por Seguro Cyber

Na Finlândia, a projeção é de crescimento de 30% no volume de apólices, em 2022

Kamila Souza, superintendente da Área Técnica e Novos Negócios da corretora Finlândia.

Muitos já ouviram esta frase, pelo menos uma vez: “a questão não é se sua empresa pode sofrer um ataque hacker e, sim, quando isso vai acontecer”. E para quem pensa que esse é um risco restrito às grandes companhias, a realidade mostra que a vulnerabilidade de um negócio no ambiente virtual independe do porte. “Não por acaso, o seguro cyber está entre os produtos cuja procura mais cresceu em 2021, no Brasil, por empresas de todos os portes”, pontua Kamila Souza, superintendente da Área Técnica e Novos Negócios da corretora Finlândia.

Esse produto – que protege empresas das perdas financeiras geradas por ataques cibernéticos – cresceu no ano passado motivado pelo aumento dos riscos e sinistros. Dados da Susep mostram que os prêmios de seguros cibernéticos chegaram, entre janeiro e outubro de 2020, a quase R$ 32 milhões e, no mesmo período de 2021, a mais de R$ 82 milhões. “E a tendência é que continue crescendo este ano. Para 2022, nossa expectativa é de um aumento de 30% no volume de contratos cyber na Finlândia, em relação a 2021”, diz Kamila.

O ano passado foi marcado por recordes no volume de crimes digitais, sendo os principais os vazamentos de informações sigilosas, sequestros de dados e invasões de sistemas. A PSafe – empresa brasileira especializada em segurança digital – registrou, entre janeiro e novembro, 41 milhões de bloqueios de malware – softwares desenvolvidos para invadir redes de TI das empresas, para sequestro de dados (ransomware) – o que representa uma média de 122 mil ataques por dia ou 5 mil tentativas por hora. Também foram contabilizados mais de 600 milhões de dados pessoais vazados e 44,5 milhões de tentativas de golpes virtuais de estelionato.

Segundo a especialista da Finlândia, um ataque hacker nas empresas pode chegar à extorsão dos clientes. “Ou seja, crimes cibernéticos geram prejuízos em cascata, que extrapolam perdas financeiras, podendo comprometer também a imagem de uma marca. Uma indústria de alimentos automatizada, por exemplo, pode sofrer um ataque no seu sistema de produção, comprometendo a qualidade dos produtos e colocando em risco a saúde dos consumidores.”

A tendência é de mais investimentos em segurança digital nas empresas

Kamila conta que seguros contra ataques cibernéticos estão no Brasil há pouco mais de 10 anos, como uma das garantias da carteira de responsabilidade civil, por iniciativa de seguradoras estrangeiras. Em 2019, houve o desmembramento onde foi criado o ramo especifico para Responsabilidade Civil Cibernética, porém o grande boom foi devido à LGPD. “Porém, é preciso desmistificar que a adesão a esse produto não é uma exigência da LGPD, que regulamenta uma política nacional de segurança sobre dados pessoais sensíveis e sigilosos nas organizações. O seguro minimiza as perdas financeiras oriundas de ataques cibernéticos”, diz.

Desde então, a procura vem aumentando, principalmente entre médias e grandes, embora seja um produto disponível e, hoje, cada vez mais atrativo e relevante para as pequenas. “Isso porque esse modelo de seguro é customizado por empresa e avalia diversos aspectos que vão muito além do porte”, explica a especialista da Finlândia.

Para a contratação do seguro cyber, Kamila destaca que é feito um amplo mapeamento de riscos, que analisa: a vulnerabilidade do sistema; riscos digitais inerentes à atividade fim; compliance de segurança digital; investimentos em tecnologias de prevenção; existência de plano de contingência; mensuração dos riscos e possíveis perdas; boas práticas (senhas, antivírus, treinamento de usuários, campanhas de conscientização); entre outros.

“Isso porque não existe uma tecnologia ou solução capaz de oferecer uma garantia de 100% contra todos os riscos cibernéticos. E não é o setor ou o porte da empresa que define sua vulnerabilidade a crimes digitais”, afirma Kamila. Por isso, um ponto de peso nessa análise de riscos é o plano de contingência, ou seja, a capacidade de continuidade e recuperação do negócio e suas operações, em caso de sequestro de dados, por exemplo. Assim, o aumento da procura por seguro cyber é resultado de uma maior consciência por parte das empresas sobre a necessidade de investir em proteção e prevenção.

O levantamento Global Digital Trust Insights Survey 2022, da consultoria PwC, constatou que 83% das empresas brasileiras pretendem aumentar gastos com segurança digital este ano, em comparação com 69% do mundo. O mesmo estudo mostrou que, em 2021, 45% das empresas nacionais preveem um aumento acima de 10% com custos cibernéticos, em 2022. Em 2020, esse percentual foi 14% das empresas no país.

“Hoje, a equação ‘tecnologia + reserva financeira ou giro de capital + seguro’ se mostra vital para qualquer empresa atenta às adversidades do século 21, que tem na sua linha de frente a segurança digital”, conclui Kamila.

Entre os setores que mais aderem ao seguro cyber, estão: varejo, atacadistas, financeiras, indústrias, construção civil, telecomunicações, educação (em especial de EAD), entretenimento, call centers, serviços, sites e redes de relacionamento, TI, entre outros.

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