A conexão da cláusula de rateio e do gerenciamento de risco ao papel do corretor

Conjunto de ações simples orientadas pelo corretor ao cliente ajuda o segurado a cuidar bem do seu negócio, na aceitação do seguro, a diminuir o risco de incêndio e o acionamento da cláusula de rateio

Ventilador industrial que fica ligado. Mercadoria armazenada até o teto próxima à lâmpada. Quadro elétrico em aquecimento. Esses são alguns dos pequenos deslizes que podem gerar uma ocorrência de incêndio nas empresas.

Sidney Cezarino, diretor de Seguros Patrimoniais da Tokio Marine

“A maioria das ocorrências de sinistros são de causas evitáveis, por isso o gerenciamento de risco é cuidar bem. Quando o segurado faz isso de forma mais consistente, ele ajuda a preservar o negócio dele e a relação disso com o seguro é automática. Quanto melhor o risco estiver administrado, a probabilidade de ocorrer o incêndio é menor. Isso implica na aceitação do risco pela seguradora”, explica Sidney Cezarino, diretor de Seguros Patrimoniais da Tokio Marine.

Cezarino diz que gerenciamento de risco é um nome difícil para algo simples.

“Gerenciamento é cuidar bem com as melhores práticas, checar os dispositivos de proteção, se o extintor está em dia, se o hidrante está com as mangueiras certinhas, se tem AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) regularizado, se as instalações elétricas estão bem preservadas”, exemplifica.

Em comum acordo está David Beatham, diretor executivo de Automóvel e Massificados da Allianz Seguros, para quem a partir das boas práticas empresariais, a probabilidade de a seguradora aceitar o risco e oferecer uma apólice é muito maior. “Consequentemente, o corretor também fechará mais negócios. Nesse processo, o corretor que atua como consultor se consolida como um especialista aos olhos do cliente, o que também pode levar a mais negócios – seja como indicação para conhecidos ou oferecendo outros produtos que façam sentido para as necessidades do segurado”, diz.

Leonardo Freitas, diretor Comercial da Bradesco Seguros

Leonardo Freitas, diretor Comercial da Bradesco Seguros, define o gerenciamento de risco como importante no processo de aceitação e precificação dos riscos, pois permite que a seguradora conheça os padrões de segurança adotados contra incêndio e as medidas que foram tomadas para mitigar riscos específicos e possíveis vulnerabilidades.

“Ele é, sim, muito relevante e pode ajudar o corretor e a seguradora a serem mais assertivos na construção da melhor solução em termos de proteção”, destaca Freitas.

Hamilton Sobrinho, diretor Territorial da MAPFRE

Para Hamilton Sobrinho, diretor territorial da MAPFRE para as regiões Norte e Nordeste, o gerenciamento de risco é fundamental no seguro Empresarial, pois serve como um escudo contra potenciais perdas financeiras e operacionais que as empresas podem enfrentar no seu dia a dia. “Ao compreender e aplicar práticas eficazes de gerenciamento, as empresas podem minimizar os riscos associados às suas operações, tornando a aceitação da apólice mais atraente para as seguradoras. Para os corretores, a oferta de serviços de consultoria em gerenciamento de riscos pode ser um diferencial competitivo, agregando valor aos seus serviços e fortalecendo a confiança do cliente e a fidelização para futuros negócios”.

“Essa atuação, que permite ao corretor construir relacionamentos sólidos com os clientes e contribuir para a redução dos riscos operacionais das empresas seguradas, pode resultar em uma maior probabilidade de fechar negócios e manter clientes satisfeitos a longo prazo”, acrescenta Tiago Santana, superintendente de Engenharia de Riscos da Seguradora Zurich.

Tiago Santana, superintendente de Engenharia de Riscos da Seguradora Zurich

Para contribuir, a seguradora Zurich tem uma solução de engenharia de riscos focada na prestação de serviços de prevenção: a Zurich Resilience Solutions (ZRS). “Por meio dessa solução, a companhia oferece um amplo leque de soluções de gestão de riscos, com foco em tipos específicos de serviços como resiliência climática e gestão da cadeia de suprimentos, além dos tradicionais direcionados para prevenção de riscos de incêndio, quebra de máquinas, interrupção de produção, entre outros, para diversos segmentos da indústria”, comenta Santana.

Cláusula de rateio

No Empresarial, as taxas de seguro são aplicadas no valor em risco (a seguradora calcula todos os valores em risco, que é quanto vale o prédio, as mercadorias, as máquinas e os equipamentos) conforme a atividade do segurado.

“Se esse valor em risco estiver inferior ao valor em risco declarado, a seguradora deixou de receber prêmio porque o valor em risco foi declarado de forma incorreta. Se o valor em risco for declarado 50% menor do que efetivamente é, quando ocorrer o sinistro, a seguradora vai indenizar 50% menos. É o que chamamos de rateio”, explica Cezarino sobre o que ocorre quando o segurado participa proporcionalmente daquilo que deixou de declarar porque a seguradora deixou de receber prêmio.

“É importante evitar a aplicação do rateio. A melhor forma para isso é conhecer o segurado e conhecer algumas coisas que têm afetado a nossa economia. Só de inflação foi 88%, de 2003 a 2023. Isso significa que um bem que você pagou um valor X há 10 anos, só pela inflação ele está quase 90% mais caro. Se você não corrige isso nas apólices, o segurado vai ter deficiência de valor quando ocorrer o sinistro. Fora o risco cambial porque muita coisa é importada. Às vezes, o segurado incluiu o equipamento e não declarou. Para ajudar o segurado nisso, a Tokio Marine fez um folheto eletrônico, que se chama como declarar corretamente o valor em risco”, detalha o diretor.

“A cláusula de rateio diz que, quando o valor em risco declarado pelo segurado for inferior ao valor apurado pela seguradora em um eventual sinistro, o segurado participa nos prejuízos junto com a seguradora, ou seja, a indenização pode ser menor do que a esperada. Por isso, é fundamental que, durante as negociações, o corretor explique a importância do segurado sempre fornecer as informações atualizadas dos valores dos bens que serão segurados”, recomenda Sobrinho.

David Beatham, diretor executivo de Automóvel e Massificados da Allianz Seguros

Segundo Beatham, no produto Allianz Empresarial para valor em risco apurado de até R$ 3 milhões, não há aplicação de rateio. “Esse valor só é apurado no momento do sinistro e considera os valores referentes ao prédio, bens, mercadorias, matéria-prima, máquinas, móveis e utensílios. Acima desse valor poderá ser aplicada a cláusula de rateio, quando o valor em risco contratado x valor em risco apurado for inferior a 80%. Por isso, é muito importante que a contratação seja feita da forma correta”, ressalta.

Freitas destaca a importância de entender a cláusula de rateio para evitar surpresas no momento de um sinistro. “A leitura atenta da apólice é de suma importância, pois permite que o segurado saiba como o rateio é aplicado e as implicações para o negócio. É um momento importante para a compreensão do subseguro (quando o valor segurado é menor que o valor real dos bens segurados) e, com isso, estimar adequadamente o valor dos ativos da empresa. Abordar a cláusula de rateio no seguro Empresarial envolve o funcionamento, evitar o subseguro e a busca por orientações, quando necessário.

Desmistificar o rateio requer transparência, educação e suporte a cliente por parte dos corretores e seguradoras”, menciona o diretor da Bradesco.

Como evitar a cláusula: o papel do corretor

“Quando se aplica o rateio gera-se uma imagem ruim porque o segurado é penalizado, por isso ajudamos o corretor a explicar como faz a declaração de forma correta”, alerta o diretor da Tokio.

Segundo uma estimativa conservadora, entre 30% a 40% das apólices estão com o valor em risco inferior ao que deveria ser.

David Correia, diretor Financeiro da Aconseg-NNE

Nesse sentido, conforme David Correia, diretor Financeiro da Aconseg-NNE, o corretor, mais uma vez, tem um papel fundamental na orientação do cliente, conhecendo o risco que está sendo contratado. “O corretor pode, através do gerenciamento de risco, identificar, avaliar e mitigar os riscos enfrentados pela empresa, discutindo coberturas e valores de importâncias seguradas. Em alguns casos, sugere-se uma vistoria para mensurar todos os riscos envolvidos. A assessoria é um canal que o corretor tem para discutir tecnicamente e apoiá-lo junto às seguradoras, reduzindo a ocorrência de sinistros e impactos financeiros e operacionais”, comenta.

Para evitar isso, o corretor precisa atualizar anualmente esses valores junto ao segurado.

“O corretor é a chave nesse processo todo e precisa entender o que é o rateio, ajudar o segurado e conhecê-lo. Também é importante visitá-lo e mostrar se a declaração dele está correta para que a apólice cumpra o seu objetivo, que é ajudar o segurado a ter continuidade no negócio, se ocorrer um sinistro”, destaca o diretor da Tokio.

“Apesar da oferta de seguros para empresas, muitos empresários ainda desconhecem que podem contratar este produto de forma simplificada. Nesse sentido, é interessante trabalhar no viés de desmistificar a ideia de que o seguro é somente uma despesa, e sim um investimento no patrimônio da empresa. Além disso, é necessário reforçar que o seguro empresarial contribui para que os empresários mantenham também suas operações”, comenta o diretor da Allianz. “É um produto que protege o empresário dos riscos imprevistos aos seus negócios, riscos estes que podem ameaçar suas operações e, inclusive, podem levar ao encerramento da empresa e de suas atividades”, completa.

A forma mais eficiente de o corretor conscientizar o cliente sobre a importância do seguro Empresarial é quantificar o custo de não ter seguro em termos financeiros e operacionais. “Isso pode incluir a apresentação de estudos de caso relevantes, destacando os impactos financeiros e operacionais de não ter um seguro adequado para suas operações, por exemplo. Ao abordar o cliente, é importante que o corretor explique claramente os diferentes tipos de cobertura disponíveis e como cada um pode proteger o negócio contra uma variedade de riscos. O objetivo é fazer com que ele entenda que o seguro não é apenas um custo, mas um investimento essencial na proteção e sustentabilidade de seus negócios”, orienta Sobrinho.

Freitas destaca que na disseminação de seguros no país e no próprio crescimento do setor, o corretor de seguros tem um papel primordial: destacar o valor intangível da proteção e segurança. “Não é diferente no seguro Empresarial. Contudo, esse profissional deve conscientizar o cliente de que ele dispõe de muitos benefícios ao contratar um seguro.

Reforçar a relação custo-benefício, de acordo com o perfil de cada cliente, também é um diferencial importante”.

O superintendente da Zurich ressalta a importância de lembrar que o seguro Empresarial não se limita apenas à proteção contra perdas financeiras, mas também à preservação dos ativos da empresa.

Conteúdo da edição 04 da Revista Aconseg-NNE

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