Players discutem como evitar a entrada da saúde na UTI

Sindiplanos retoma série de encontros com operadoras, seguradoras, corretores e entidades do mercado tendo como pano de fundo um dos cenários mais desafiadores da história da saúde suplementar no Brasil
Carol Rodrigues

José Silvio Toni Junior, presidente do Sindiplanos

“É a hora de darmos as mãos e discutirmos juntos o seguimento do setor”. Com essas palavras o presidente do Sindicato das Empresas de Comercialização e Distribuição de Planos de Saúde e Odontológicos (Sindiplanos), José Silvio Toni Junior, abriu o Café de Negócios realizado em junho.

O primeiro encontro realizado pelo sindicato pós-pandemia reuniu representantes de entidades, seguradoras, corretores, assessorias e administradoras de benefícios.

Diante do futuro da saúde suplementar, que é desafiador, destacou-se a dinâmica da indústria, muito impactada pelo envelhecimento da população, o surgimento de novas tecnologias, que são colocadas quase simultaneamente à disposição do beneficiário e que possui custos elevados, além de uma falta de conhecimento do uso da proteção pelo consumidor. Inclusive, este é um ponto crítico e que urgentemente precisa ser trabalhado por todos os atuantes no setor.

“É necessário mudar a percepção da população brasileira sobre o plano de saúde. A mudança de imagem é um dos pontos em que o setor precisa investir”, comentou Marcos Novais, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), que citou como exemplo a campanha de comunicação criada pelo setor do Agronegócios, realizada de forma contínua, que após dez anos consecutivos transformou a imagem do setor.

Novais ressaltou que é importante comunicar e mostrar que a despesa existe, pois é grande a percepção de que se paga o plano e não se usa.

José Cechin, superintendente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), também reforçou que a comunicação do setor não tem sido eficaz. “Esse é o grande desafio que os planos de saúde precisam encampar. Todos que atuam no setor precisam ter o papel informativo. O assunto é de difícil entendimento e percepção e exige do setor um esforço grande de comunicação. E tem de ser aquela comunicação que toca a alma do indivíduo”.

Prevenção a fraudes

No quesito fraudes em saúde, é  importante lembrar ao consumidor que alguns comportamentos, que aparentemente trazem benefícios, prejudicam a todos.

“Os corretores de planos de saúde são a interface da operadora e representam o contratante. Eles podem levar o papel educativo, informar e aconselhar sobre a boa utilização do plano. Lembrar pelo bom uso, não desdobrar recibos e não fazer procedimentos que já foram feitos e ainda estão na validade. O corretor pode e deve fazer esse tipo de papel a cada empresa que vende plano de saúde”, resumiu Cechin.

“Se o corretor sabe do risco que está correndo, ele é o primeiro filtro da companhia. Precisamos confiar no corretor e eles precisam ajudar as empresas. Pela saúde do setor, o corretor tem de ser parceiro. Ele ajuda muito”, acrescentou José Luiz, diretor comercial do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica (GNDI).

O peso do preço

“O mercado de saúde não cresce porque o preço não cabe no bolso do brasileiro e as empresas também não têm condições de pagar”, comentou o diretor comercial do GNDI, que falou sobre o processo de aquisições do grupo, que soma 57 empresas, cujo desafio é unir todas sob uma mesma cultura e fazer o sistema funcionar.

Cechin destacou a tendência de aumento das despesas per capita com saúde. “É uma tendência secular e universal. A subida das despesas com saúde vai continuar”.

As despesas de saúde seguem um roteiro: são baixas na infância e juventude, crescentes na meia idade e explosivas após os 50 anos – “Esse é o padrão. A sociedade brasileira está alerta. Estamos pensando em medidas para enfrentar essa situação?”, convidou à reflexão. “Teremos que enfrentar essa escalada de despesas continuamente ou poderemos ter algo menor? E o que cabe às pessoas, operadoras, prestadores, corretoras diante de um quadro desse?”, continuou Cechin.

“Já tivemos momentos mais positivos. Hoje os resultados estão muito ruins e enfrentamos dois problemas graves. O ticket não está subindo. Estamos com um downgrade de planos muito importante; 52% dos planos de saúde têm coparticipação em franquia e a maior parte dos contratos é enfermaria. Preço está sendo fundamental”, apontou Novais.

José Luiz destacou a baixa penetração da saúde suplementar no Brasil, que gira em torno de 20% da população, enquanto nos EUA a proporção é de 70%. “Mais brasileiros deveriam ter planos de saúde. A atuação da GNDI é focada em ser rentável com um trabalho focado no cliente”.

Entre os pontos citados por Luiz estão a manutenção da carteira, a garantia dos reajustes, o modelo verticalizado, a eficiência nas despesas comerciais, a qualificação da oferta (inclusive, diferentes para cada perfil de cliente), o acolhimento, o respeito e a sustentabilidade”.

Mesmo diante desse cenário, o superintendente da Abramge lembra que saúde é a indústria que mais crescerá no mundo em decorrência de sua própria natureza. “As pessoas querem viver mais e melhor. Daqui a dois anos vamos ter solucionados todos esses problemas. Mas teremos outros”.

“Desde a concepção, o cuidado pré-natal até o cuidado paliativo dos últimos momentos, a saúde suplementar está presente prestando serviço. Hoje não há informação clara, principalmente com o rol ampliado. Cada vez mais são colocados procedimentos não médicos dentro das coberturas médicas. Ótimo! Mais negócios para nós trabalharmos. Mas quem vai pagar a conta? Precisamos encontrar meios de funcionamento”, concluiu o presidente do Sindiplanos.

O 1° Café de Negócios do Sindiplanos foi organizado pela Freela, fruto da joint-venture das Revistas Cobertura e Apólice.

Confira depoimentos:

“É um momento importante para o nosso setor, pujante do mercado brasileiro. Os seguros e os planos de saúde prestam um grande serviço social no Brasil, e passa por uma grande transformação. É um evento para entendermos um pouco mais o que acontece no setor e o que podemos fazer para torna-lo mais sustentável e perene. O setor de saúde é muito presente entre as assessorias quase 50% da nossa produção está com os planos e seguros saúde”
Helio Opipari Junior, presidente da Aconseg-SP

“Vim prestigiar esse evento maravilhoso do Sindiplanos. Grande oportunidade para o corretor de seguros se atualizar com esse momento da saúde suplementar em nosso País. Ainda há grandes oportunidades. Existe aí uma mudança”.
Vanessa Mendes, coordenadora da Comissão de Saúde do Sincor-SP

“Esse evento é muito importante para o nosso momento no mercado, já que precisamos trazer todos os envolvidos para o debate da manutenção da perenidade. Precisamos encontrar alternativas, soluções, projetos e estratégias assertivas para que possamos encontrar um mercado muito mais saudável, de resultados e oportunidades a todos”.
Marcelo Reina, CEO da Brazil Health Insurance Solutions

Conteúdo da edição de junho (254) da Revista Cobertura

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