Qual é o próximo desafio do seguro?

Após o ITC Las Vegas, CQCS Insurtech & Innovation reafirma a importância do corretor de seguros na distribuição e reforça o valor do seguro na vida das pessoas

Plateia lotada. Painéis repletos de profissionais que ansiavam por conhecimento. Palestrantes dos mais variados campos de atuação do mercado de seguros. Profissionais aos quais o mercado credita o seu desenvolvimento. Jovens talentos do setor. Mais de 50 patrocinadores. Em pauta, a inovação e como ela pode contribuir para que o mercado segurador consiga oferecer a cobertura securitária a mais brasileiros. Assim, a quarta edição do CQCS Insurtech & Innovation 2022 foi realizada durante dois dias em outubro, no Centro de Eventos Pro Magno.

“Desde que comecei a transitar no ecossistema de evento de inovação, encontrei algo que me deixou muito triste: uma América Latina que fala espanhol e outra que fala português. O CQCS Insurtech & Innovation, desde a sua primeira edição, tentou derrubar essa barreira, tendo a tradução em todos os painéis para inglês, português e espanhol”, destacou o fundador do CQCS, Gustavo Doria Filho.

O empenho de Doria o levou a ser convidado para ser o chairman do ITC Latam, que será realizado em 2023, em Miami.

“A  distribuição é, prioritariamente, feita através do corretor que se tornou biônico usando as tecnologias que eram para venda direta para fazer a venda consultiva. O corretor está um sucesso geral”, comentou Doria Filho, para quem o próximo passo da indústria é como colocar o bem-estar na mentalidade do consumidor de seguros.

O seguro pode ser sexy? “O seguro já é sexy e atende as principais necessidades da sociedade brasileira”, destacou o presidente do Grupo Bradesco Seguros, Ivan Gontijo.

Para ele, o seguro já é sexy justamente pela natureza do produto e pelo conceito de proteção, argumentou sobre a reflexão trazida por Gustavo Doria, fundador do CQCS. “A pandemia trouxe um sentido de proteção. Produtos como seguro de Vida e Residencial hoje são vistos de formas distintas. O seguro de Vida é fundamental e abster-se de um plano de Saúde hoje é inimaginável”.

No Automóvel, ele destacou o uso intenso do big data. “Hoje não se fala de seguro automóvel sem falar nos dados”.

Já no Saúde, ele ressaltou a necessidade de conhecer o beneficiário, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). No Vida, o uso de dados para subscrição, focando em conceder benefícios e incentivar melhores estilos de vida para ampliar a longevidade.

Outro ramo citado pelo presidente foi o Rural, com a união de dados, satélites e mapeamento de propriedades e plantações, focando a prevenção e a melhor gestão dos recursos. “A mudança de mindset é feita através da inovação”.

Pesquisas comprovam que a combinação ideal para atender o cliente é a venda digital com processos simples e fáceis assistidos pelo corretor. “Precisamos melhorar processos para que o corretor possa oferecer o produto mais adequado ao cliente”.

Experiência digital

Uma pesquisa da Solera, que está presente em mais de 100 países, apontou que 70% dos clientes do setor de seguros estão dispostos a mudar de seguradora para ter uma melhora experiência digital.

De certa forma, a burocracia entre as seguradoras e o cliente fez com que a experiência do cliente fosse menos satisfatória. A digitalização veio para reverter esse cenário, segundo Jaime Silvela, diretor da Solera.

“Estamos vivendo uma nova era sobre a atenção a experiência do cliente”, comentou Silvela.

Segundo ele, é importante que haja menos esforço do cliente quando ele entra em contato com a seguradora.  “Quando ocorrer o sinistro os clientes precisam voltar à normalidade o mais rápido possível”, exemplificou.

Nesse contexto, uma pesquisa da Solera destaca que 49% dos clientes estão dispostos a gerenciar sinistros pelo autoatendimento.

Até 2030, segundo a consultoria McKinsey, mais da metade da gestão de sinistro será substituída pela inteligência artificial.

“Nessa nova era da experiência do cliente, eles querem ter visibilidade e saber o que está acontecendo. 56% querem ter visibilidade do processo e 53% querer uma resolução mais rápida”.

Hiperpersonalização e bem-estar

O seguro de Vida no Brasil foi elevado a outro patamar em decorrência da pandemia causada pela covid-19. Não faltam novidades em termos de tecnologias e ferramentas no ramo. No entanto, falta distribuição, de acordo com Bernardo Ribeiro, cofundador da Azos.

Pesquisa realizada pela Azos em janeiro de 2022 apontou que 65% das pessoas consideram o seguro de Vida como importante, sendo que apenas 15% deles têm seguro de Vida. “Está faltando fazer uma abordagem de qualidade nos outros 50%. O mercado precisa falar mais de seguro de Vida. Vale destacar que 37% acham o produto muito caro, o que não procede porque temos produtos a partir de R$ 5,00. É falta de educação financeira”.

Outro tópico citado por ele é o resultado de como as pessoas se informariam, se fossem contratar a proteção.  “Na faixa etária de 25 a 29 anos, 77% buscariam na internet – redes sociais, google e YouTube; 36% por meio de corretores. Redes sociais e a internet já são as fontes principais de informação sobre seguro de Vida. Nós estamos com uma presença digital adequada”, chamou à reflexão.

Ribeiro prevê que o mercado de Vida vai crescer ainda mais no pós-pandemia. 65% sabem da importância do seguro é só 15% têm cobertura.

A hiperpersonalização e o bem-estar físico e financeiro foram as tendências citadas por Bernardo Castello, diretor na Bradesco Vida e Previdência.

“Os clientes querem, precisam, veem valor e reconhecem o mercado de seguros e todos os seus players como importantes provedores de soluções. Nós seguradores temos uma grande missão. Lá fora, as seguradoras não só são provedoras de bem-estar, mas sim criam um sistema de bem-estar, e não são apenas um coletor de prêmios e pagador de sinistros, mas, principalmente, são um grande gestor da saúde das pessoas”, expôs Castello.

“No modelo de subscrição atual do futuro todas as questões de mudança de comportamento, de hábito, de alimentação e saúde passam a ser relevantes em um processo de subscrição”, assinalou Silas Kasahaya, CEO da Samplemed.

Kasahaya lembrou que a subscrição sempre foi o pilar essencial do seguro. “Estamos exportando essa inteligência de subscrição para outros países através de ferramentas de subscrição totalmente automatizadas”. Inclusive, a empresa de serviços e tecnologia, aproveitou o evento para lançar a Samplemed 360, que consiste em uma plataforma end to end de subscrição, com uma taxonomia própria.

“Trabalhamos na plataforma durante o período de digitalização. Ela vem com um conceito de workflow, dentro dela trabalhamos na nuvem interligada com APIs. Começamos a subscrição com modelos de score”, adiantou o CEO da Samplemed, que também possui questionários personalizados.

“A jornada de uma venda de seguros sempre começou com o corretores, fazendo contato com seus clientes, analisando a carteira e cliente e planejando o que vai oferecer. Os corretores sempre tiveram um papel fundamental. Este é um processo que temos até hoje, apesar das facilidades digitais”, destacou Kasahaya.

Homenagens

O jornalista Jorge Clapp foi um dos homenageados por todo o apoio dado a Gustavo Doria Filho, fundador do CQCS, e contribuição para o mercado. Clapp é um dos pioneiros do jornalismo de seguros e atualmente é assessor de imprensa da Fenacor. Em 2006, ele recebeu o troféu de jornalista do Ano no IX Prêmio Cobertura-Performance, um reconhecimento da Revista Cobertura.

Também foram homenageados Paulo Leão de Moura Junior (THB Brasil), Brasília Botelho, Afonso Dazincourt, Elza Tamas, Sylvio de Barros, Tiago Guimarães, Alberto Coutinho, Gabriel Portella, Marcos Lima e José Ribeiro.

Conteúdo da edição de novembro (248) da Revista Cobertura

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